A droga...
o vandalismo...
o Álcool...
o vandalismo...
violência domestica...
a fome e a sede...
a violência até à morte...
"Café sem leite,
pão sem manteiga…
A certeza cai da mesa
com as migalhas…
A mulher tenta varrer
a tristeza de não saber
se amanhã haverá o que comer…
(...)
Aluguel, luz, água,
gás, comida…
Melhor seria esquecer
para não adoecer.
Médico… é loteria!
(...)
Mal de pobre é curado
com erva plantada em quintal:
cidreira, capim-limão,
boldo, arruda, quebra-pedra,
erva-de-santa luzia,
erva-de-santa maria,
erva-de-são-joão…
e toda e qualquer plantinha
que sirva a uma boa mezinha
e amenize a sua sina.
Faz-se o que se pode, -
uma ou outra faxina…
Se a patroa de ocasião -
“muito boa pessoa” -
livra-se da tranqueira,
volta com a bolsa cheia…
Roupas desbotadas,
brinquedos quebrados, -
jornais velhos, sapatos furados,
pão dormido, copos de geléia…
vazios.
Bem, pelo menos ela tem
onde servir a mágoa…
digo, uma água…
Se o cavalo é dado
não se olha os dentes!
Melhor esquecer o bolso
e enriquecer a fé, -
não esquecer de levar
o dízimo à igreja, -
àquele pregador,
que alimenta com palavras
muito bem temperadas,
o rebanho tosquiado,
e já prometeu trabalho,
se eleito deputado.
(...)
É bem assim, à noite,
quando ela vai para a cama,
e o marido chateado, -
o dia todinho deitado -
reclama, pede um chamego…
Precisa de algum exercício…
É hora de mostrar serviço,
precisa provar que é macho!
E ela a chorar baixinho,
quando ele, aliviado,
dorme o sono pesado…
Não tem com quem dividir
tanto desasossego!
Talvez, amanhã, – quem sabe? -,
ele consiga outro emprego…
(...)
Ao amargo da vida
resta a tal doce esperança…
Força para seguir adiante,
energia para enfrentar
mais um dia.
Esperar, esperar…
Viver mais um hoje
como se ontem fosse…"
Abismo social...
a fome que mata....